
"a casa de Orí" é um processo de investigação multilinguagem que traz como tema central o encontro de negros em diáspora com sua ancestralidade. Orí que é orixá, é também o destino escolhido por cada um antes de vir ao mundo. Conta um itan iorubá que cada pessoa escolhe na casa de Ajala, oleiro, sua cabeça e consequentemente o seu destino, deste princípio é feita a primeira peça em terracota.



Pensar ancestralidade africana é de fato imergir em águas escuras, do índigo ao preto. Nesse segundo ato Orí ganha tons de Wàji, e é a figura que toca sutilmente a cabeça de sua devota. Na dualidade presente na pintura, podemos ver África e Diáspora, Ayê e Orum, Orí e Ile Orí. Enquanto elemento escurecedor o índigo é tecido que recobre a escrita em imagens noturnas. Daí a proposta de título "Escrever no escuro", citação de Conceição Evaristo. Pensar caminho de retomada é relembrar a prosperidade, assim como a casa de Orí ( Ile Orí) é coberta por búzios, a figura que recebe Orí, casa de seu próprio destino, também é.

Natural de Contagem, região metropolitana de BH, Minas Gerais, Brasil. Artista plural, fotógrafa, pintora, colagista, diretora e produtora audiovisual, poetisa. Comecei minha carreira profissional na fotografia aos 15 anos com autorretratos e ensaios. Hoje com 24 anos, 9 anos de carreira, trabalho com produção autoral, documental, fotojornalismo e moda, tendo como principal foco o registro afetivo do povo negro. Na pintura e na colagem, o caminho foi de retomada, um resgate do que me movia na infância, e esteve presente nos últimos 4 anos para transcrever as histórias e imagens da beleza e do afeto preto.